AVC A cada dia ocorrem 42 AVC em Portugal
Reabilitação O AVC é a primeira causa de incapacidade adquirida no adulto.
Repercussão A espasticidade é uma sequela frequente em pessoas que sofreram um AVC.

O AVC é uma doença vascular cerebral que ocorre devido à obstrução/diminuição do fluxo sanguíneo (AVC isquémico) ou à rutura de vasos sanguíneos (AVC hemorrágico).

Em ambos os casos, o sangue não chega ao cérebro na quantidade necessária e, portanto, as células nervosas deixam de receber oxigénio e nutrientes, o que provoca uma alteração ou uma lesão do tecido cerebral que se repercute no funcionamento normal de uma determinada região do cérebro.

Segundo os dados do ICTUSnet, a incidência de AVC em Portugal é de 75,4 casos por cada 100.000 habitantes, com um total de 15.208 por ano.

Estima-se que duas em cada três pessoas que sobrevivem a um AVC apresentam algum tipo de sequela, o que implica uma perda de produtividade, necessidade de reabilitação e de cuidados e uma maior necessidade de recursos sociais e de saúde. Por isso, é importante melhorar a prevenção, bem como a reabilitação das sequelas.

Uma das sequelas frequentes após um AVC é a espasticidade.

O QUE É A ESPASTICIDADE?

A espasticidade consiste numa contração mantida de determinados músculos que se manifesta como rigidez e resistência ao estiramento muscular.

Estima-se que 33% dos sobreviventes de um acidente vascular cerebral experimentem espasticidade no espaço de 1 ano após o mesmo, com uma prevalência geral de entre 30 e 80%.

A espasticidade desenvolve-se de forma gradual entre as 6-8 semanas após o AVC, e inclusivamente meses depois, e a sua evolução atinge a cronicidade.

É importante detetar esta sequela precocemente e tratá-la a tempo, pois a espasticidade não tratada pode produzir limitações funcionais que interfiram nas atividades da vida quotidiana e que se repercutam de forma significativa na qualidade de vida.

Limita a mobilidade Limita a mobilidade (deslocar-se, mexer-se na cama ou sentar-se).
Produz dor, espasmos e contrações. Produz dor, espasmos e contrações.
Favorece o aparecimento de lesões na pele por pressão Favorece o aparecimento de lesões na pele por pressão (feridas, úlceras).
Limita a destreza Limita a destreza (comer, vestir-se, fazer a higiene, escrever).
Deformidade articular Favorece a deformidade articular (no braço, cotovelo, pulso, mão e perna), limitando o movimento.

COMO É POSSÍVEL DETETAR-SE A ESPASTICIDADE?

A espasticidade consegue percecionar-se através de uma sensação de rigidez ou tensão aumentada nos músculos, que pode ser acompanhada de dor e/ou espasmos.

A espasticidade pode implicar também posturas anormais que limitam o movimento. Conheça as posturas mais comuns:

Rotação interna de ombro Rotação interna de ombro
Rotação interna de ombro
Cotovelo em flexão
Pronação do antebraço
Pulso em flexão
Polegar em gatilho
Punho cerrado
Dedos em flexão
Dedo grande do pé em extensão
Pé equino
Joelho em extenção
Quadril flexionado
Pernas em adução
Dedos em garra

ATUE CONTRA A ESPASTICIDADE

Perante o aparecimento de sinais ou sintomas que possam sugerir o desenvolvimento de espasticidade, é importante consultar um especialista, geralmente um fisiatra, para realizar um diagnóstico preciso.

Além disso, é fundamental que os doentes tenham um acompanhamento médico contínuo que permita detetar a evolução da espasticidade e adaptar a estratégia de reabilitação às alterações que forem aparecendo.

A ESPASTICIDADE VARIA DE DOENTE PARA DOENTES

Em cada caso, de forma consensual entre a equipa médica, o doente e os seus familiares, devem estabelecer-se objetivos concretos no processo de reabilitação da pessoa com espasticidade, e iniciar-se o mais cedo possível.

A finalidade do processo de reabilitação será minimizar os défices ou incapacidades para conseguir que a pessoa adquira a maior autonomia possível.

FACILITAR OS CUIDADOS E AS ATIVIDADES DA VIDA QUOTIDIANA

Higiene. Vestir.

PREVENIR E TRATAR AS COMPLICAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS

Contraturas. Subluxações. Úlceras por pressão.

MELHORAR A FUNCIONALIDADE

Marcha. Mobilidade. Postura. Capacidade de estar sentado.

MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA E O CONFORTO

Dor. Qualidade do sono.

MELHORAR A ESTÉTICA

Não necessitar de usar calçado especializado.

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Em colaboração com:
Portugal AVC