O AVC é uma doença vascular cerebral que ocorre devido à obstrução/diminuição do fluxo sanguíneo (AVC isquémico) ou à rutura de vasos sanguíneos (AVC hemorrágico).
Em ambos os casos, o sangue não chega ao cérebro na quantidade necessária e, portanto, as células nervosas deixam de receber oxigénio e nutrientes, o que provoca uma alteração ou uma lesão do tecido cerebral que se repercute no funcionamento normal de uma determinada região do cérebro.
Segundo os dados do ICTUSnet, a incidência de AVC em Portugal é de 75,4 casos por cada 100.000 habitantes, com um total de 15.208 por ano.
Estima-se que duas em cada três pessoas que sobrevivem a um AVC apresentam algum tipo de sequela, o que implica uma perda de produtividade, necessidade de reabilitação e de cuidados e uma maior necessidade de recursos sociais e de saúde. Por isso, é importante melhorar a prevenção, bem como a reabilitação das sequelas.
Uma das sequelas frequentes após um AVC é a espasticidade.
O QUE É A ESPASTICIDADE?
A espasticidade consiste numa contração mantida de determinados músculos que se manifesta como rigidez e resistência ao estiramento muscular.
Estima-se que 33% dos sobreviventes de um acidente vascular cerebral experimentem espasticidade no espaço de 1 ano após o mesmo, com uma prevalência geral de entre 30 e 80%.
A espasticidade desenvolve-se de forma gradual entre as 6-8 semanas após o AVC, e inclusivamente meses depois, e a sua evolução atinge a cronicidade.
É importante detetar esta sequela precocemente e tratá-la a tempo, pois a espasticidade não tratada pode produzir limitações funcionais que interfiram nas atividades da vida quotidiana e que se repercutam de forma significativa na qualidade de vida.
COMO É POSSÍVEL DETETAR-SE A ESPASTICIDADE?
A espasticidade consegue percecionar-se através de uma sensação de rigidez ou tensão aumentada nos músculos, que pode ser acompanhada de dor e/ou espasmos.
A espasticidade pode implicar também posturas anormais que limitam o movimento. Conheça as posturas mais comuns:
ATUE CONTRA A ESPASTICIDADE
Perante o aparecimento de sinais ou sintomas que possam sugerir o desenvolvimento de espasticidade, é importante consultar um especialista, geralmente um fisiatra, para realizar um diagnóstico preciso.
Além disso, é fundamental que os doentes tenham um acompanhamento médico contínuo que permita detetar a evolução da espasticidade e adaptar a estratégia de reabilitação às alterações que forem aparecendo.
A ESPASTICIDADE VARIA DE DOENTE PARA DOENTES
Em cada caso, de forma consensual entre a equipa médica, o doente e os seus familiares, devem estabelecer-se objetivos concretos no processo de reabilitação da pessoa com espasticidade, e iniciar-se o mais cedo possível.
A finalidade do processo de reabilitação será minimizar os défices ou incapacidades para conseguir que a pessoa adquira a maior autonomia possível.
FACILITAR OS CUIDADOS E AS ATIVIDADES DA VIDA QUOTIDIANA
Higiene. Vestir.
PREVENIR E TRATAR AS COMPLICAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS
Contraturas. Subluxações. Úlceras por pressão.
MELHORAR A FUNCIONALIDADE
Marcha. Mobilidade. Postura. Capacidade de estar sentado.
MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA E O CONFORTO
Dor. Qualidade do sono.
MELHORAR A ESTÉTICA
Não necessitar de usar calçado especializado.
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